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sábado, 4 de julho de 2015

Os segredos da cidade onde todo mundo planta, colhe e consegue ter uma alimentação saudável






Uma cidade onde todo mundo planta, todo mundo colhe, e todo mundo consegue ter uma alimentação saudável. Parece a descrição de uma cidade de filme, mas não é não. A história da cidade britânica de Todmordem começou a mudar em 2007, quando duas habitantes da cidade, Pam Warhurst e Mary Clear, perceberam que a importação e exportação de alimentos aumentava seus custos e ainda gerava danos ao meio ambiente. Foi assim que surgiu a ideia de plantar alimentos em terrenos não utilizados – e, com ela, o conceito do projeto “Incredible Edible” (algo como“Inacreditavelmente comestíveis”, em português).


O fluxo ideal para implementação da ideia seria pedir permissão para as autoridades do município de pouco mais de 15 mil habitantes para plantar nas terras não utilizadas. Mas isso significaria enfrentar a burocracia e, provavelmente, alguns anos de espera. Para evitar que o projeto ficasse apenas no plano das ideias, duas habitantes da cidade simplesmente começaram a plantar frutas, verduras e ervas em qualquer espaço que encontrassem, sem perguntar antes.




Com isso, Todmordem deu o primeiro passo para produzir seus próprios alimentos, abastecendo assim a comunidade local. Atualmente, a meta é atingir a autossuficiência alimentar até 2018, produzindo todos os alimentos necessários para abastecer a população localmente. No início, Pam conta que uma das tarefas mais difíceis foi fazer a população entender que aqueles alimentos eram gratuitos e poderiam ser colhidos por qualquer pessoa. Mesmo com uma plaquinha indicando isso próximo às plantações, ainda havia muita desconfiança, mas o tempo fez com que as pessoas entendessem a ideia e passassem a se engajar no movimento.






Assim, Todmordem foi tomada por diversos projetos que buscam propiciar alimentos produzidos localmente para a população. Qualquer habitante pode se tornar voluntário no projeto de Hortas Comunitárias ou nos Jardins de Ervas e qualquer pessoa que passa por ali pode consumir os alimentos plantados livremente, mesmo que não tenha colaborado com o cuidado da área.

Para garantir que o projeto continue dando frutos nas próximas gerações, todas as escolas locais possuem uma horta. No ensino médio, é utilizado o sistema de aquaponia, que permite a produção de frutas e vegetais concomitantemente com a criação de peixes. Projetos como “Cada Ovo Conta”, que informa onde estão os produtores locais e incentiva a população a criar galinhas também mostram seu potencial na cidade.

Nesse sentido, o site do projeto é uma ferramenta à parte e permite que os moradores locais encontrem hortas, produtores de carnes, leites, ovos, ervas, etc., facilitando o acesso à informação. É lá também que os moradores encontram informações sobre como iniciar seu próprio plantio e ficam sabendo sobre grupos semelhantes em outras partes do mundo.

Se impactar 15 mil habitantes não parece suficiente, uma olhada mais a fundo mostra como o exemplo de Todmordem já contaminou mais de 385 grupos semelhantes em 30 países diferentes pelo mundo.


Os benefícios são tantos que a ideia promete virar documentário em breve, com a ajuda do site de financiamento coletivo IndieGogo – e você pode contribuir para que o filme saia do papel investindo £ 5 (cerca de R$ 25) ou mais. Por enquanto, um curta-metragem sobre o movimento (em inglês) já conta com mais de 280 mil visualizações no Vimeo (assista aqui).




Como mostra o vídeo, um dos fundamentos do movimento é manter girando o que eles chamam de três “pratos”: o prato da comunidade, o do ensino e o dos negócios. Isso significa que o movimento busca criar ações que incentivem cada um destes “pratos” e os mantenham girando cada vez mais.




Os benefícios são incontestáveis e vão muito além da alimentação: da economia e aumento no acesso aos produtos produzidos localmente a uma redução nos crimes de vandalismo ocorridos na cidade (confirmada pela própria polícia), passando pelo aumento nas vendas em negócios locais, já que as pessoas passaram a buscar cada vez mais comida produzida localmente. Isso sem falar em uma das principais preocupações de movimentos semelhantes: a diminuição no transporte de produtos, responsável pela emissão de grande quantidade de CO2 na atmosfera.



Mas o conceito Incredible Edible também se baseia em uma ideia ainda mais antiga: o movimento Slow Food, que passou a promover o ideal de alimentos “Km 0”, incentivando a agricultura local e ecológica e ajudando a diminuir a distância percorrida por um alimento até chegar ao seu prato. Na Itália já existe até mesmo um selo de “menu a quilômetro zero”, criado pela organização agrícola Coldiretti, que certifica bares e restaurantes que servem pratos feitos apenas com produtos locais e da estação.



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